Autor de onze romances e três livros de viagens, entre outras obras, FRANCISCO JOSÉ VIEGAS (Pocinho, 1962) estreou-se na poesia com "O Verão e Depois" (1978), a que se seguiram "Fascínio da Monotonia" (1982), "Olhos de Água" (1983), "Paisagens, Caligrafias" (1983), "As Imagens" (1987), "Todas as coisas" (1988), "Poemas" (1988), "O Medo do Inverno Seguido de Poemas Irlandeses" (1994), "Metade da Vida" (2002), "O puro e o impuro" (2003) e, mais recentemente, "Se me comovesse o amor" (2008). O soneto inédito que se segue, em exclusivo para os leitores do Poesia Ilimitada, assinala o regresso do poeta após um lapso de tempo em que desempenhou funções outras que não aquelas que ama, que lhe são naturais. Do próximo livro de poemas, em preparação:
UM ANJO CUIDADOSO
(à Alexandra Malheiro.)
Os instrumentos assinalam, aqui e ali,
uma irregularidade; os pulmões respondem,
tal como as árvores nas serras, quando
os relâmpagos iluminam as feridas
mais profundas. Pensas no fim do mundo,
o que convém muito a um soneto prometido
ao anjo cuidadoso que te propõe a salvação.
Mas é só uma impressão. Resta a poesia,
restam as palavras que rapidamente se esquecem.
O coração responde, responde sempre, de uma
maneira ou de outra. O hospital adormece
como as dunas sobre a foz dos rios. É essa
imagem que conservas ou transportas,
gravada como uma promessa, um sinal no rosto.
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