DANIEL HEVIER é um dos poetas eslovacos mais conhecidos da sua geração. Nascido em Bratislava, em 1955, estudou Estética e Literatura Eslovaca. Editor, poeta e escritor para crianças, publicou o seu primeiro livro em 1974. É um dos poetas do Leste Europeu onde o humor é claramente assumido como recurso estílistico, estando os seus versos infundidos por uma alegria de viver e uma frágil ternura. Hevier, um dos poetas representados em “Six Slovak Poets” (Arc Publications, Todmorden. U.K., 2010, série editada por Alexandra Büchler), procura, na opinião de Igor Hochel que assina a introdução, «uma transparência de significado» abusando por isso da linguagem coloquial da sua época para escrever poemas claros e precisos. Eis quatro exemplos, vertidos do inglês, traduzido do eslovaco por John Minahane.
O HOMEM DEU NOME A TODOS OS ANIMAIS
O homem deu nome a todos os animais,
canta Bob Dylan
e eu tento nomear
tudo quanto tenho em mim:
todos esses
tigres,
lobos,
chacais,
serpentes,
gaviões,
pôneis,
babuínos,
crocodilos,
lagartos,
manadas de cavalos,
pombos.
... ...
toda essa menagerie
conhecida como
a alma masculina.
§
COM O MOTOR DESLIGADO
Ao atravessar a fronteira
entre
beleza e banalidade
sobresai um homem
cansado de inventar poemas.
Não tem nada a declarar
com a excepção de alguma
trivialidade inútil.
§
HAMLET, LOUCO COMO SEMPRE
O Computador J.S. Bach
compõe música
para acompanhar anúncios televisivos
de poltronas anti-obesidade.
O Computador Leonardo
está a pintar o original mil e um
da Mona Lisa
enviando encomendas para os primeiros milionários
da lista de inscritos.
O Computador Hemingway
escreve memórias
para políticos arruinados.
O Computador Napoleão
está a preparar
materiais para uma nova variante
de guerra psicadélica.
O Computador Galileo
está a retraír a sua teoria
de um universo elástico.
O Computador Seneca
está a tratar com a ONU da questão das mulheres
e dos suicídios em massa
das baleias.
O Computador Adão
e o Computador Eva
estão a fazer novos computadores.
O Computador Hamlet
encravou,
e repete incessantemente
uma estranha pergunta sem sentido.
§
TERRA DE GELO
a ideia
de que existe algures
um país como o islândia
ajuda-me a sobreviver
§
HAMLET, LOUCO COMO SEMPRE
O Computador J.S. Bach
compõe música
para acompanhar anúncios televisivos
de poltronas anti-obesidade.
O Computador Leonardo
está a pintar o original mil e um
da Mona Lisa
enviando encomendas para os primeiros milionários
da lista de inscritos.
O Computador Hemingway
escreve memórias
para políticos arruinados.
O Computador Napoleão
está a preparar
materiais para uma nova variante
de guerra psicadélica.
O Computador Galileo
está a retraír a sua teoria
de um universo elástico.
O Computador Seneca
está a tratar com a ONU da questão das mulheres
e dos suicídios em massa
das baleias.
O Computador Adão
e o Computador Eva
estão a fazer novos computadores.
O Computador Hamlet
encravou,
e repete incessantemente
uma estranha pergunta sem sentido.
§
TERRA DE GELO
a ideia
de que existe algures
um país como o islândia
ajuda-me a sobreviver
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