quinta-feira, agosto 06, 2009

SONIA ÅKESSON, KRISTINA LUGN, BARBRO DAHLIN

SONIA ÅKESSON nasceu em 1926 na ilha báltica de Gotland, tendo falecido em 1977 com 51 anos. Poeta de referência para gerações ulteriores, escreveu poemas socialmente comprometidos com o estado social – uma sociedade consciente, com segurança económica para todos - e do papel da mulher na nova sociedade sueca, num estilo simples e confessional conhecido por “Nova Simplicidade”, caracterizado entre outros aspectos pelo ritmo e pela repetição.


SIM, POR FAVOR

Uma mão quente.
Uma casa quente.
Um pullover quente
para cobrir meus pensamentos gelados.
Um corpo quente
para cobrir o meu corpo.
Uma alma quente
para cobrir a minha alma.
Uma vida quente
para cobrir a minha vida gelada.


KRISTINA LUGN, poeta e dramaturga sueca, nasceu em 1948. A sua é igualmente uma poesia que reflecte as aspirações e os sentimentos, a fragilidade e a solidão das mulheres subjugadas, em poemas negros e dramáticos, onde a morte é um elemento presente de uma forma quase inocente. Diversas vezes premiada, foi directora artística e directora do Dramaten Theather de Estocolmo.


TENHO DE TRATAR DAS COISAS

Tenho de tratar das coisas antes de partir.
Preciso de sapatos.
Preciso de uns bons sapatos.
Com solas de borracha.
Acho que isto vai ser duro.

Olhem para mim agora.

Vejo que me estou a aproximar com uma faca.
Vejo que me estou a aproximar com uma corda.
Alguma vez o tiro terá de ser disparado.
Importunei as pessoas com isto durante cinquenta anos.
Demorará meio segundo.

Porque é que me estão a olhar agora?

O amor não é para sempre.
Mas a morte é.
A morte é para sempre.

Adeus, vemo-nos mais tarde!

BARBRO DAHLIN (1940-2000) viveu em Estocolmo e em Öland, uma ilha do Mar Báltico. Além de poeta e novelista, exercia psiquiatria. A sua poesia, à semelhança de muita da poesia sueca, é caracterizada por um recurso a símbolos da natureza, em concreto, imagens de sensualidade e esperança.


DIA CLARO


Em Junho existem dias
em que o vento vem de norte
e o ar é gelado e limpo
o céu nu e apagado
Ao longe no horizonte
um pássaro gela parado
Tirando isso não há sinais
e nenhum rastro marcado
Quem olhar para cima cai
como se a gravidade não mais
segurasse as suas maçãs
Esse é o dia que a terra pára
para recuperar o fôlego


§


Os poemas seleccionados são versões minhas do inglês retiradas do livro “To Catch Life Anew – 10 Swedish Women Poets” (tradução do sueco de Eva Claeson), Oyster River (Durham, New Hampshire, 2006).


Sem comentários: