
SIM, POR FAVOR
Uma mão quente.
Uma casa quente.
Um pullover quente
para cobrir meus pensamentos gelados.
Um corpo quente
para cobrir o meu corpo.
Uma alma quente
para cobrir a minha alma.
Uma vida quente
para cobrir a minha vida gelada.

TENHO DE TRATAR DAS COISAS
Tenho de tratar das coisas antes de partir.
Preciso de sapatos.
Preciso de uns bons sapatos.
Com solas de borracha.
Acho que isto vai ser duro.
Olhem para mim agora.
Vejo que me estou a aproximar com uma faca.
Vejo que me estou a aproximar com uma corda.
Alguma vez o tiro terá de ser disparado.
Importunei as pessoas com isto durante cinquenta anos.
Demorará meio segundo.
Porque é que me estão a olhar agora?
O amor não é para sempre.
Mas a morte é.
A morte é para sempre.
Adeus, vemo-nos mais tarde!

DIA CLARO
Em Junho existem dias
em que o vento vem de norte
e o ar é gelado e limpo
o céu nu e apagado
Ao longe no horizonte
um pássaro gela parado
Tirando isso não há sinais
e nenhum rastro marcado
Quem olhar para cima cai
como se a gravidade não mais
segurasse as suas maçãs
Esse é o dia que a terra pára
para recuperar o fôlego
§
Os poemas seleccionados são versões minhas do inglês retiradas do livro “To Catch Life Anew – 10 Swedish Women Poets” (tradução do sueco de Eva Claeson), Oyster River (Durham, New Hampshire, 2006).
Sem comentários:
Enviar um comentário