ESTOCOLMO
A festa endomingava a tarde, ardia
no granito o sol – entre nós
o tempo em sebes frias se arrastava;
lembrávamos ausências, elas formavam
a névoa que envolvia os jogos de água,
Estocolmo foi isso;
a fuga de nós próprios, a tentação
reprimida
de formalizar a ternura. Diálogos
breves como pistas de cinza
para a correspondência com que nos propúnhamos
prolongar o passado. Um esquilo
atravessava a relva sob os cedros
com a vivacidade dos teus olhos. O fulgor
que nos comunicou foi transformado
na alegria perene de que já desistíamos.
Esse esquilo, Monique,
esse relâmpago que fendeu o letago
transformando a luz num estuário denso
ainda o vês? Ou perdeu-se
no regresso da angústia que rasgara,
na falta de resposta
que a paisagem oferecia ao apagar-se?
3.76
in "E No Entanto Move-se", Quetzal Editores, Lisboa, 1995
4 comentários:
Muito bonita...rica em detalhes e de deliciosa leitura!
Parabéns!
Aproveito para convidá-los a visitar o meu blog: http://descemaisuma.blogspot.com.
Saudações,
Rafael
Visitei, gostei...
voltarei!!!
Bom, aproveitando a deixa do meu chará,(que tem um blog muito bom tbm), visitem o meu tbm: filosofiasobsol.blogspot.com
abraço...
Muito bom o blog!
Parabéns!
Abraço,
Ana Matias.
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