domingo, dezembro 02, 2007

SÁNDOR ANDRÁS

SÁNDOR ANDRÁS nasceu em Budapeste em 1934 e estudou Língua e Literatura Húngara na Universidade de Szeged. Após os acontecimentos de 1956, fugiu para o ocidente como tantos intelectuais da sua geração, tornando-se um dos primeiros húngaros a ser admitido na Universidade de Oxford, no Reino Unido. De seguida, mudou-se para os Estados Unidos onde se doutorou em literatura alemã, em Los Angeles. Em 1961, foi escolhido para leitor de húngaro na Universidade da Califórnia em Berkeley, progredindo para Professor de Língua e Literatura Alemã na Universidade Howard, em Washington. A sua poesia está marcada por um desencantamento pela politica, tendo-se transformado o seu poema “Petição da Republica Autónoma Sándor András às Nações Unidas” um dos favoritos da diáspora húngara. Os seus poemas mais recentes foram-se tornando cada vez mais abstractos e intelectuais, desenvolvimento a que não será estranha a sua abundante produção como ensaísta. Depois de se ter reformado da Universidade de Howard, regressou à Hungria onde se tornou um dos poucos imigrantes de 1956 a receber o prestigiado prémio Attila József. Ao longo da vida publicou diversos ensaios em alemão e em inglês mas a sua poesia foi sempre escrita em húngaro.



PETIÇÃO DA R.A.S.A. ÀS NAÇÕES UNIDAS

[AZ ASAK BEADVÁNYA AZ ENSZ-HEZ]


Eu, Sándor András, República Autónoma, solicito
ser admitido entre as grandes potências,
uma vez que todos me enganaram até à última,
e quero por fim representar-me a mim mesmo.
Deixei plantados todos os blocos
que apregoavam altissonantes que eu por eles
daria, feliz, a minha própria vida.
E agora apresento-me: sou a turba e o indivíduo,
ou seja, a maior entre as maiores potências;
a terra é um tabuleiro de xadrez vazio,
onde sem mim não há jogo,
porque sou ambas as equipas adversárias:
neste mundo burlão, sou o meu próprio inimigo,
que me agarro, infame, pela garganta.
Não tenho nem avião, nem bombas,
nem foguetes, nem mísseis, nem armada atómica:
a minha república só armazena desejos tradicionais,
e sei que quem não está comigo, não é por isso meu inimigo.
Basta, já estou farto que ninguém me explique,
com a seriedade de uma baioneta, o que quero eu,
isto ou aquilo; confesso que ambas as coisas em geral,
a mim os anjos não me fizeram brilhar a alma.
Procuro-me a mim mesmo, assim vive a minha república,
valente em equivocar-se e livre para atrever-se.
Solicito que me admitam entre as potências,
ou então, não contem comigo no futuro.


versão de JLBG e Juan Carlos Mellidez
a partir da tradução castelhana de György Ferdinandy,
Maria Teresa Reyes-Cortés e
Jesús Tomé


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