domingo, maio 06, 2007

COLECÇÃO BERNARDO (2)


“VAI PRECISAR DE SACO?”



“VAI PRECISAR DE SACO?”, 2007
técnica mista de gesto e voz / n.º inv. 02-07
adquirido com fundos do fundo do porta-moedas



***

A Colecção Bernardo, em depósito no Poesia Ilimitada, constituída por memorabília quotidiana em homenagem a Bernardo Soares, ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa, orgulha-se de apresentar ao público e pela primeira vez, a sua mais recente aquisição. Enquadrando-se na perfeição na cena artística dos actuais "artistas" nacionais, “Vai precisar de saco?“, peça adquirida por 2 cêntimos (por saco...) na caixa de um Pingo Doce, é uma obra única de contemporaneidade onde se pode ler em todo o seu esplendor, a verdadeira dimensão da “xico-espertisse” lusitana. Na esteira de Tino Segal – artista plástico que coloca na boca (e no corpo) dos assistentes dos museus onde expõe, um conjunto de frases e situações com o intuito de despertar uma reacção da parte do visitante (por exemplo, a frase ouvida da rapariga da bilheteira do Museu SerralvesO terramoto na Indonésia fez milhares de vítimas. Tino Segal, 2006”, à qual respondi estupefacto, “Desculpe, o que disse?”; “O terramoto na Indonésia fez milhares de vitimas. Tino Segal, 2006”; "Ah!..."), - também a instalação “Vai precisar de saco?” exibe a muito portuguesa caracteristica do deixa-cá-ver-se-enrrolo-estes-tipos-mais-um-bocado, tanto quanto a capacidade única de interpelar o visitante, suscitando da sua parte toda uma miríade de reacções:

- “Vai precisar de saco?”
- Não, menina. Estava mesmo a pensar em levar este carrinho cheio de compras num dos bolsos de trás das calças.

- “Vai precisar de saco?”
- Não, muito obrigado. Vim prevenido com sacos do Continente.

A Colecção Bernardo convida os visitantes (!) a reagir na caixa de comentários a mais esta extraordinária aquisição, doravante em exibição permanente neste blog.

1 comentário:

ruialme disse...

Parece-me q "xico-espertice" é a forma correcta, por analogia com "tolice", "palermice", "gulodice", etc.
(o Houaiss refere "-ice" como "suf. formador de subst. abstractos der. de de adjectivos e substantivos, segundo padrão vulg., como adp. semiculta do suf. -ície e muito anterior à divulgação deste último").