"Caro João,
Como sabemos, não há escrita que se faça no vazio. Enquanto consultava com muito gosto os arquivos do Poesia & Lda, vi-me a confirmar esta ideia através do poema que traduziu, aqui há uns tempos (Janeiro de 2006), do William Carlos Williams. Onde é que eu já tinha lido isto, ou algo parecido com isto?, pensei. A resposta está em The State of Poetry, um pequeno livro do poeta inglês ROGER McGOUGH (Penguin, 2005, não sei se conhece?) e, particularmente, no poema "Dear Scott". Reescrita quase literal, com a introdução de um elemento paródico e humorístico, a presença da ideia do álcool e do alcoolismo na vida de Zelda e de Scott Fitzgerald (em vez das ameixas, o licor de ameixa e o seu efeito final de embriaguez), o poema de McGough surge como homenagem (não como plágio) e comentário irónico, dirigido não só às incidências biográficas do famoso romancista e novelista americano, mas também à natureza familiar, bucólica e luminosa do poema original de Williams. Roger McGough, sem ansiedade da influência, a escrever torto por linhas direitas... ou direito por linhas tortas? Aqui ficam poema e uma tradução possível (?) do poema de McGough:
"Dear Scott
This is just to say
I have drunk
the plum brandy
that was in
the icebox
and which
you were probably
saving
for breakfast
Forgive me
it was delicious
so cold
and so numbing
x Zelda"
***
"Querido Scott
É só para dizer que
bebi
o licor de ameixa
que estava no
frigorífico
e que
provavelmente estavas
a guardar
para o pequeno-almoço
Perdoa-me
estava delicioso
tão fresco
e entorpecedor
bjs. Zelda"
Com os melhores cumprimentos,
Luís."
Como sabemos, não há escrita que se faça no vazio. Enquanto consultava com muito gosto os arquivos do Poesia & Lda, vi-me a confirmar esta ideia através do poema que traduziu, aqui há uns tempos (Janeiro de 2006), do William Carlos Williams. Onde é que eu já tinha lido isto, ou algo parecido com isto?, pensei. A resposta está em The State of Poetry, um pequeno livro do poeta inglês ROGER McGOUGH (Penguin, 2005, não sei se conhece?) e, particularmente, no poema "Dear Scott". Reescrita quase literal, com a introdução de um elemento paródico e humorístico, a presença da ideia do álcool e do alcoolismo na vida de Zelda e de Scott Fitzgerald (em vez das ameixas, o licor de ameixa e o seu efeito final de embriaguez), o poema de McGough surge como homenagem (não como plágio) e comentário irónico, dirigido não só às incidências biográficas do famoso romancista e novelista americano, mas também à natureza familiar, bucólica e luminosa do poema original de Williams. Roger McGough, sem ansiedade da influência, a escrever torto por linhas direitas... ou direito por linhas tortas? Aqui ficam poema e uma tradução possível (?) do poema de McGough:
"Dear Scott
This is just to say
I have drunk
the plum brandy
that was in
the icebox
and which
you were probably
saving
for breakfast
Forgive me
it was delicious
so cold
and so numbing
x Zelda"
***
"Querido Scott
É só para dizer que
bebi
o licor de ameixa
que estava no
frigorífico
e que
provavelmente estavas
a guardar
para o pequeno-almoço
Perdoa-me
estava delicioso
tão fresco
e entorpecedor
bjs. Zelda"
Com os melhores cumprimentos,
Luís."
2 comentários:
Obrigado, Luís Parrado, pela sua excelente carta, que ouso partilhar por ser tão ao espírito do Poesia Ilimitada.
J
são tão boas estas partilhas.
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