quinta-feira, setembro 14, 2006

O FIM DO VERÃO DE NOVA IORQUE (4)


Setembro 14, Sexta-feira, Dia 4


7 h 50 m
Jane C. é enfermeira, e esteve na primeira linha.
"Ao discar o 911, reparei na ironia: o número da emergência é a data da tragédia."


8 h 12 m
Nova Iorque é uma cidade construída pelo mundo. Também o meu avô paterno aqui laborou sete anos. Ao ritmo a que se conhece a nacionalidade das vítimas, ganha corpo o formato de atentado contra o mundo.
Da Austrália ao Japão, da Itália às Filipinas, da Alemanha a Taiwan, do Reino Unido à China, são inúmeras as nações de onde provinham as vítimas.
Cresce o pedido que clama de volta as torres caídas. Giovanni da Verrazano foi o primeiro a sonhar o perfil das torres gémeas.


17 h 30 m
O içar pelos bombeiros da bandeira sobre os escombros, reorienta a revolta para uma raiva antiga.


18 h 35 m
Dói o modo como riem, nas fotos, os desaparecidos. Avisto-os por toda a parte, copiados à exaustão. Os familiares fazem fila na 69th Armory, mas é-lhes devolvida a pergunta logo ao dobrar da esquina.
(Quantos de nós saberiam descrever ao pormenor, a roupa que o companheiro escolheu ao sair pela manhã?)


22 h 05 m
Cancelaram os shows humorísticos. A América perdeu a inocência.
“Nova Iorque perdeu os dentes de leite da frente.”

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