domingo, agosto 13, 2006

HELEN FARISH

A colecção de poemas de estreia da escritora e crítica britânica HELEN FARISH, “Intimates” (Cape Poetry, London, 2005), venceu o prémio Forward de poesia de 2005 e foi finalista do Prémio T. S. Eliot de poesia do mesmo ano. Helen Farish (nascida em 1962, numa casa de campo perto de Wigton, Cumbria) é professora na Universidade de Hallam, em Sheffield. Em “Intimates”, Farish pratica uma escrita provocadora e apaixonada onde o corpo assume um erotismo exposto, tanto quanto é lugar de desarranjo e medo. Eis três poemas do livro:


LOOK AT THESE

Seeing you makes me want to lift up my top
breathe in and say Look! Look at these!
I’ve kept them hidden till now
under loose shirts, Dad’s jumpers.

Suddenly I’m offering them
like a woman ready to mate.
I’m holding my breath.
Don’t tell me not to.


.


OLHA PARA ESTAS

Ver-te faz-me querer levantar o top
inspirar fundo e dizer Olha! Olha para estas!
Mantive-as escondidas até hoje
sob camisas soltas, os blusões do pai.

De repente estou a oferecê-las
qual mulher pronta a acasalar.
Estou a suster o fôlego.
Não me peças para não o fazer.


§


24TH JUNE 1955

Waiting on the doorstep you can hear
the distant intent of the engine
at Hollin Root, now Low Woodside.
Summer sways in its wake.
A farmer's boy in the beck field
looks up too late.

By now you know just how
that red MG will swing in the yard,
how dogs will bark and hens flap,
and how it will feel
to turn in his arms, his hand
on your blue satin waist.

It's easy with the tall-grass wind,
sun bouncing off the bonnet
and destiny's intent
running louder than any engine;
girl, it's easy now to say I do
to a lifetime's distance.


.


24 DE JUNHO DE 1955

À espera na soleira da porta podes escutar
a intenção do motor à distância
em Hollin Root, agora Low Woodside.
O verão oscila em seu despertar.
Um filho do fazendeiro no campo do riacho
olha para cima demasiado tarde.

Agora sabes ao certo como
aquele MG vermelho oscilará no pátio,
como ladrarão os cães, as galinhas pelo ar,
como será sentires-te
girar em seus braços, a mão dele
na tua cintura de cetim azul.

É fácil, com o vento na relva alta,
o sol resvalando no capot
a intenção do destino
correndo mais alto que qualquer motor;
rapariga, agora é fácil dizer Aceito
à distância de uma vida inteira.


§


BIOPSY

I’m running away with my breasts
to Barcelona, the Canaries.
They’ve a fancy for some seafront life,
fisherman, local wine.
I’m leaving no more of them at the hospital.
I understand the lump now,
how the cells got together
in a crescent like a young moon,
a smooth-sea boat, a hammock.
All these symbols of longing:
if I had taken notice
they could not have taken shape.


.


BIÓPSIA

Vou fugir com os meus seios
para Barcelona, as Canárias.
Têm afeição por essa vida de esplanada,
pescadores, vinho local.
Não deixo nem mais um pedaço no hospital.
Compreendo agora a massa,
como as células se aglutinaram
em crescente, qual lua jovem,
um barco polido de mar, uma rede.
Todos esses símbolos de desejo:
tivesse eu tomado conta
não teriam tomado forma.


2 comentários:

manuel a. domingos disse...

muito bom

Vitor_Vicente disse...

"Vou fugir com os meus seios para Barcelona"
Agora é que a poetisa falou bem!
Hasta luego!