EMBRACE
You know the parlor trick.
Wrap your arms around your own body
and from the back it looks like
someone is embracing you,
her hands grasping your shirt,
her fingernails teasing your neck.
You know the parlor trick.
Wrap your arms around your own body
and from the back it looks like
someone is embracing you,
her hands grasping your shirt,
her fingernails teasing your neck.
From the front it is another story.
You never looked so alone,
your crossed elbows and screwy grin.
You could be waiting for a tailor
to fit you for a straitjacket,
one that would hold you really tight.
§
ABRAÇO
Conheces o truque do gabinete.
Enrola os braços à volta do teu próprio corpo
e de trás parece que
alguém te está a abraçar,
as mãos dela agarrando a tua camisa,
suas unhas cardando o teu pescoço.
Já de frente é outra história.
Tu nunca pareceste tão só,
de cotovelos cruzados e esgar contorcido.
Podias estar à espera do alfaiate
para provar uma camisa de forças,
uma que te agarrasse muito junto.
2 comentários:
Excelente post e desculpe a ousadia mas um dia irritado e triste com alguém escrevi isto,
Parar de escrever, disse outrem
Deixar de soltar e trocar palavras
Desistir de todas as figuras de estilo
Sem excepção.
Parar com as prosopopeias, litotes e ironias
Com as metonímias, hipérboles e metáforas
Com os anacolutos e elipses.
Arrumar todas as alegorias contraditórias,
Encerrar as comparações imagéticas
E as personificações aberrantes numa prateleira.
Porque as árvores de fruto não dão dinheiro
E a felicidade não nasce do chão.
Arrumar as aliterações chatas e monótonas
Insistentes, insuportáveis e inconsequentes,
E os anacolutos estapafúrdios e confusos
Porque todos, nem feito e defeito, nada valemos.
Arrumar as anáforas, diáforas, epíforas e o que mais,
E parar de repetir que a vida é a vida porque é a vida.
Arrumar as anástrofes e hipérbatos enfáticos,
Deixar as inversões e disfunções para o dia-a-dia
E tornar, que a realidade assim quer, a perder.
Arrumar com os eufemismos e litotes contidos
E chamar os bois pelos nomes, todos,
Porque as moscas passam e o que fica é o mesmo.
Arrumar as antíteses, paradoxos e oxímoros
E ser concreto, objectivo e claro,
Porque a dor que não dói não alegra a felicidade.
Arrumar as autonomásias, metonímias e sinédoques
Ser analítico, porque a pressa carrega o tempo.
Arrumar com os pleonasmos desnecessários,
Bem visto com olhos de ver vai dar tudo ao mesmo.
Arrumar com o exagero sebastianino das hipérboles
Porque a vida perde-se, sempre, num imenso nevoeiro.
Parar de escrever, disseram
Deixar de imaginar a vida nas palavras
Desistir dos sentidos e sentimentos
Sem excepção.
Parar com pretensões estéreis e irrelevantes
Com a procura da compreensão e entendimento,
Com as emoções que se julgam racionais.
Arrumar todas as possibilidades de parecer ser,
Encerrar a necessidade de oposição e confronto,
E a ilusão sonhadora de ser amado.
Porque quem não sabe dizer amo-te,
É porque não consegue amar.
E esta e só mais uma ironia,
Que as figuras, com estilo ou sem, nos pregam.
josé fonseca
este cometário era para o post das figuras de estilo, mas enfim, aí está
jf
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