
A memória de Onésimo é feita deste mosaico de fragmentos, prodigiosamente justapostos, onde colecciona humor e intelecção. Para Onésimo, tudo pode ser crónica, como para William Carlos Williams tudo podia acabar em verso. Onésimo interpela agora Luís Ricardo Duarte pelo facto de os participantes mais novos das Correntes «não ligarem nada aos tipos com mais de 40 anos, como eu», ao preferirem juntar-se numa mesa à parte, quer ao almoço quer ao jantar. O que não é, de todo, verdade. Esse é somente o pré-texto de que Onésimo necessita para nos arrancar mais um sorriso, com o interminável gesticular de dedos que tem vindo a aperfeiçoar desde 1946: «Uma chatice, eu ter feito agora 41».
É ele o roubador de sorrisos a quem as autoridades da Póvoa sempre entregam a chave da última mesa para que Onésimo feche as Correntes com uma eficácia anglo-saxónica: «Gosto sempre de preparar a minha palestra para as Correntes com muita antecedência. Aquilo que vou dizer logo à tarde, por exemplo, é já a palestra do ano que vem».
Póvoa de Varzim, 25 de fevereiro de 2012
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