Desde janeiro passado, sempre que atravesso de carro o tabuleiro da ponte da Arrábida, lembro-me do poeta Rui Costa. Nós não éramos amigos mas apenas conhecidos, não nos teremos cruzado mais do que uma mão cheia de vezes, a mais demorada das quais no encontro com poetas Galegos que o António Costa organizou. Mas recordo um rapaz alto, muito activo, bem-parecido, para quem a poesia não era um passatempo marginal, antes uma razão de viver, um modo de estar nos dias. A circunstância da sua morte, o ter aparecido no rio, levaram-me a escrever um poema que não fui capaz de terminar.
Algo que sucedeu hoje numa súbita epifania, ao cruzar de novo a ponte lembrando um paradoxo de Zenão. Que bom seria, Rui, se o Paradoxo do Estádio fosse mesmo verdadeiro: «É impossível atravessar o estádio; porque antes de se atingir a meta, deve primeiro alcançar-se o ponto intermédio da distância a percorrer; antes de atingir esse ponto, deve atingir-se o ponto que está a meio caminho desse ponto; e assim ad infinitum».
Sem nunca tocar as águas, Rui, sem nunca chegar ao chão.
Vila Nova de Gaia, 27 de fevereiro de 2012
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Algo que sucedeu hoje numa súbita epifania, ao cruzar de novo a ponte lembrando um paradoxo de Zenão. Que bom seria, Rui, se o Paradoxo do Estádio fosse mesmo verdadeiro: «É impossível atravessar o estádio; porque antes de se atingir a meta, deve primeiro alcançar-se o ponto intermédio da distância a percorrer; antes de atingir esse ponto, deve atingir-se o ponto que está a meio caminho desse ponto; e assim ad infinitum».
Sem nunca tocar as águas, Rui, sem nunca chegar ao chão.
Vila Nova de Gaia, 27 de fevereiro de 2012
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2 comentários:
Teu blog é ótimo, parabéns!
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