Surpreendo o poeta Jaime Rocha ao estender-lhe uma folha amarelecida arrancada a um bloco de notas, onde alguns meses antes eu havia pedido a Hélia Correia para repetir por escrito algo que a ouvira dizer na sessão de homenagem a Maria Helena da Rocha Pereira na Feira do Livro do Porto, e que desde então me tem acompanhado como um refrão: «A erudição é uma aprendizagem; a sabedoria é um triunfo».
Jaime fita o papel, enternecido, estudando a caligrafia a castanho bordada pela sua namorada, com o exacto olhar com que ambos fitaram há alguns meses atrás, em Inglaterra, o único manuscrito conhecido de Dante Gabriel Rosseti recuperado da tumba de Lizzie.
Para além de excelente poeta, Jaime Rocha é uma excelente pessoa. O seu rosto transmite uma tal tranquilidade e sabedoria, uma gentileza e generosidade que me faz lamentar repetidas vezes apenas o reencontrar uma vez por ano nas Correntes d’Escritas, onde sempre partilha histórias singulares como a daquela vez em que um repórter fotográfico procurou Hélia, em Janas, para onde o casal foge ao fim-de-semana, com o intuito de a fotografar para uma edição do Expresso, e incomodada pelo intenso calor capaz de gerar fotofobia, viu Jaime correr para a sombra e para gáudio do fotógrafo, com a mangueira da rega estreitada na extremidade, inventar a chuva com que aspergiu a gabardina que a helenista exibe nas páginas do semanário, num certo dia soalheiro tornado gris.
Impaciento-me enquanto Jaime não me devolve o manuscrito que obtive de sua namorada. Tampouco me ofereço para lho oferecer. Desses pode ele pedir lá em casa quantos quiser.
Póvoa de Varzim, 25 de fevereiro de 2012
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Jaime fita o papel, enternecido, estudando a caligrafia a castanho bordada pela sua namorada, com o exacto olhar com que ambos fitaram há alguns meses atrás, em Inglaterra, o único manuscrito conhecido de Dante Gabriel Rosseti recuperado da tumba de Lizzie.
Para além de excelente poeta, Jaime Rocha é uma excelente pessoa. O seu rosto transmite uma tal tranquilidade e sabedoria, uma gentileza e generosidade que me faz lamentar repetidas vezes apenas o reencontrar uma vez por ano nas Correntes d’Escritas, onde sempre partilha histórias singulares como a daquela vez em que um repórter fotográfico procurou Hélia, em Janas, para onde o casal foge ao fim-de-semana, com o intuito de a fotografar para uma edição do Expresso, e incomodada pelo intenso calor capaz de gerar fotofobia, viu Jaime correr para a sombra e para gáudio do fotógrafo, com a mangueira da rega estreitada na extremidade, inventar a chuva com que aspergiu a gabardina que a helenista exibe nas páginas do semanário, num certo dia soalheiro tornado gris.
Impaciento-me enquanto Jaime não me devolve o manuscrito que obtive de sua namorada. Tampouco me ofereço para lho oferecer. Desses pode ele pedir lá em casa quantos quiser.
Póvoa de Varzim, 25 de fevereiro de 2012
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