quarta-feira, abril 07, 2010

MÁRIO CLÁUDIO acerca de BASIL BUNTING

«É um texto pequeníssimo, de um enorme poeta irascível, Basil Bunting, um desses poemas que eu, cidadão de suaves costumes, jamais me atreveria a escrever. De resto talvez se marque nesta escolha o meu crescente envolvimento na prosa, e a minha galopante relutância à poesia.»


Basil Cheesman Bunting
(1 de Março de 1900 – 17 de Abril de 1985) foi um poeta modernista britânico cuja reputação foi estabelecida com a publicação em 1966 de Briggflatts. Ao longo da vida manifestou um crescente interesse pela música, o que o levou a enfatizar as qualidades sonoras da poesia, em particular da leitura da poesia em voz alta.



ENVOI TO THE READER


From above the moon
to below the fishes
nobody knows
my secret heart.
Do you suppose
I’d publish it?
Spell out a fart
and have it printed?



ENVIO AO LEITOR

Do cimo da lua
ao fundo dos peixes
não há quem conheça
meu secreto coração.
Vocês acham mesmo
que o publicaria?
Que soletrava um peido
e o imprimiria?


§


Mário Cláudio nasceu no Porto a 6 de Novembro de 1941 como Rui Manuel Pinto Barbot Costa. É licenciado em Direito e autor de obras de poesia, teatro e ensaio, tendo sido principalmente através da escrita de ficção que atingiu uma grande notoriedade: Amadeo (1984), Guilhermina (1986), Rosa (1988), Tocata para Dois Clarins (1992), O Pórtico da Glória (1997), Ursamaior (2000), Oríon (2003), Gémeos (2004), Camilo Broca (2006) e Boa Noite, Senhor Soares (2008), encontram-se entre os títulos que publicou. Recebeu, entre outros, o Grande Prémio de Romance e Novela APE/IPLB (1984) com Amadeo, o Prémio Pessoa (2004), o Prémio Clube Literário do Porto (2005) e o Prémio Vergílio Ferreira (2008).

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