sexta-feira, abril 16, 2010

FRANCISCO DUARTE MANGAS acerca de CESARE PAVESE

«A memória da luta parece infinita. Tecida na mais íntima matéria perecível, tão frágil, afinal, é de verdade. Sempre que releio Pavese, paro nas colinas: vício absurdo, eu sei.»


Cesare Pavese (Santo Stefano Belbo, 9 de Setembro de 1908 — Turim, 27 de Agosto de 1950) foi um escritor e poeta italiano. Nasceu nas Langhe (província de Cuneo), tendo-se mudado ainda em criança para Turim, donde se ausentou sempre apenas durante pouco tempo: passou um ano na prisão em Barcaleone (Reggio Calabria), comprometido por amigos políticos; passou algum tempo em Roma em trabalho para o editor Einaudi, de quem foi um dos mais eficazes conselheiros editoriais; suicidou-se em Turim em 1950. A sua tese de licenciatura foi sobre Walt Whitman e já não era um desconhecido quando em 1936 publicou Lavorare stanca: tinha já publicado e continuaria a publicar estudos sobre literatura norte-americana clássica e contemporânea, reunidos num volume (La letteratura americana e altri saggi) publicado postumamente em 1951.



[Virá a Morte e Terá os Teus Olhos]


Tu não sabes as colinas
onde se derramou o sangue.
Todos nós fugimos
todos nós largámos
a arma e o nome. Uma mulher
olhava para nós quando fugíamos.
De nós só um
parou de punho cerrado,
olhou para o céu vazio,
inclinou a cabeça e morreu
contra o muro, em silêncio.
Agora é um trapo de sangue
e um nome. Uma mulher
espera-nos nas colinas.


Francisco Duarte Mangas vive em Árvore (Vila do Conde). Cuida de glicínias e exercita nos limoeiros, camélias, magnólias e outras árvores a antiga arte dos enxertadores. Algum tempo gasta também, nos rios de montanha, a iludir trutas Publicou os romances: Diário de Link (Teorema, 1993, 2ª ed. 2002; Akal, Madrid, 2002); Ladrão de Violetas (Teorema, 1995), A Fenda no Cavalo, (Teorema, 1996), Geografia do Medo (Teorema, 1997; Círculo de Leitores, 1998, Galaxia, 1998. Planeta Agostini, 2003), A Morte do Dali (Teorema, 2001); O Coração Transido dos Mouros (Teorema, 2002). Contos: O Medo não Podia Ter Tudo (com Augusto Baptista, Campo das Letras, 2000, NonSoloParole, 2006); O Homem do Saco de Cabedal, (Campo das Letras, 2000); e Os Passos por Dentro da Casa (Asa, 2002). No domínio da poesia é autor, entre outras obras, de Pequeno Livro da Terra (Teorema, 1996), Transumância, (Campo das Letras, 2002); Brévia, (Hidra editores, 2005). O Noitibó, a Gralha e outros Bichos (Caminho, 2009) é o seu mais recente livro para crianças.

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