domingo, março 14, 2010

PEDRO PAIXÃO acerca de LUÍS DE CAMÕES


«O que mais gosto neste poema», diz
Pedro Paixão ao Poesia Ilimitada, «é o que mais aprecio em qualquer poema e na literatura em geral: conjuga sublimemente a verdade com a beleza. Todos os grandes poemas e canções de amor, de que este é um excelente exemplo, são tristes e tingidos de melancolia, porque o amor promete o que não pode: durar eternamente.»



Quem ora soubesse
Onde o Amor nasce,
Que o semeasse!


De Amor e seus danos
Me fiz lavrador;
Semeava Amor
E colhia enganos;
Não vi, em meus anos,
Homem que apanhasse
O que semeasse.


Vi terra florida
De lindos abrolhos,
Lindos pera os olhos,
Duros pera a vida;
Mas a rês perdida
Que tal erva pasce
Em forte hora nasce.


Com tanto perdi,
Trabalhava em vão:
Se semeei grão,
Grã dor colhi.
Amor nunca vi
Que muito durasse,
Que não magoasse.



Pedro Paixão
nasceu em Lisboa em 1956. Estudou em Lisboa, Lovaina e Heidelberga. Doutorou-se aos 29 anos. Foi co-fundador do jornal O Independente. Fundou, com Miguel Esteves Cardoso, a empresa de publicidade Massa Cinzenta. Publicou vinte livros de ficção e dois álbuns de fotografia. Escreveu dois textos para teatro e um para ópera. Não é membro de qualquer associação, clube, partido ou igreja. Nunca votou. Praticou Karate Do. Nada no mar quase todos os meses do ano. Tem um filho. É casado pela quarta vez. Vive em Santo António do Estoril.

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