E pronto! Lá aguentei eu estoicamente durante hora e meia a minha primeira experiência de assinar livros numa feira do livro. Cinco autógrafos e uma tíbia depois, eis-me de regresso a Leça - aos leitores brasileiros (!!) deste blog cumpre-me informar que uma tíbia é um pastel típico de Braga. Grande. Muito doce. Com muito creme dentro. Hum!
Claro está que também me pus a jeito. Uma mesa irmanada com um stand, mesmo à entrada da feira, pode prestar-se a um sem número de equívocos. Já antes de eu chegar ao recinto, alguém havia perguntado ao simpatiquíssimo Bruno Antunes, das Quasi, se os livros que ele acabara de dispor sobre a mesa eram para oferecer...
Em situações como estas, um tipo acaba por se sentir tudo menos escritor. Lembrei-me logo dos poemas do excelente José Miguel Silva sobre os leitores nas feiras do livro. Ainda me cheguei a entusiasmar quando uma jovem se aproximou célere da minha mesa, trazendo um livro em riste: "A-ha!", pensei, "O primeirinho da tarde". Nada! Na verdade, a leitora apenas pretendia saber se podia trocar um livro de outrém que comprara na véspera para o pai, uma vez que o progenitor também adquirira um exemplar sem ela se ter apercebido. Confesso que ainda me ocorreu propor-lhe que o trocasse por outro autor que estivesse por ali, digamos, mais à mão, mas o pudor falou mais alto. Daí que, Ruben Fonseca, parabéns! Fique a saber que você vendeu pelo menos 2 livros na Feira de Braga deste ano.
Naquela localização, as peripécias sucederam-se. Ao presentir outro leitor a aproximar-se, pensei triunfante: "Ora aí está! O primeiro livro está no papo! Este conhece-me de certezinha!". Falso! O jovem apenas me queria perguntar em que stand poderia adquirir o premiado livro de A.M.Pires Cabral, "O Cónego", vencedor do prémio dst, anunciado em parangonas num enorme cartaz suspenso mesmo atrás de mim o qual apenas eu parecia não ter visto. Mas "Menos mal!", pensei, "Já que posso passar por vendedor, ao menos passo também por ser o excelente poeta transmontano."
Enquanto a tarde avançava, muitos leitores detiveram-se frente ao stand com as mãos enfiadas nos bolsos sem manusearem o livro (com receio de se magoarem?), e Ana Paula Tavares (que apenas avistei ao longe), Gonçalo M. Tavares (extraordináriamente generoso e afável) e Fernando Pinto do Amaral (aborrecido, e com razão, por não terem reposto o seu livro esgotado na própria feira) peroravam a uns trinta metros de distância na tertúlia literária sobre "Ficção e Mundos Possíveis", através de um sistema acústico sofrível que não me permitiu acompanhar uma só palavra que fosse do que disseram. De modo que tive tempo para tudo. Contei os ouvintes da tertúlia pelo menos duas vezes. Chegaram a ter 40 pessoas! Muito bom. Uma das vantagens de se escrever poesia em vez de ficção, é vender menos de um quinto dos livros que um romancista venderia nas mesmas circunstâncias, o que permite que se saia da feira com a agradável sensação de se conhecer os leitores pelo nome (!!): Joaquim Oliveira, Sandra Salgado, e por aí fora... (até 5).
Mas há que não desistir. No próximo domingo lá estarei em Lisboa, pelas 15h00, no auditório da Feira do Livro, para participar na apresentação que o poeta Francisco José Viegas fará do meu sétimo livro de originais "A Parte pelo Todo". E conto consigo lá. Consigo, consigo, contigo, consigo e contigo. Com vocês os seis. Temos que bater o record, hã?
Claro está que também me pus a jeito. Uma mesa irmanada com um stand, mesmo à entrada da feira, pode prestar-se a um sem número de equívocos. Já antes de eu chegar ao recinto, alguém havia perguntado ao simpatiquíssimo Bruno Antunes, das Quasi, se os livros que ele acabara de dispor sobre a mesa eram para oferecer...
Em situações como estas, um tipo acaba por se sentir tudo menos escritor. Lembrei-me logo dos poemas do excelente José Miguel Silva sobre os leitores nas feiras do livro. Ainda me cheguei a entusiasmar quando uma jovem se aproximou célere da minha mesa, trazendo um livro em riste: "A-ha!", pensei, "O primeirinho da tarde". Nada! Na verdade, a leitora apenas pretendia saber se podia trocar um livro de outrém que comprara na véspera para o pai, uma vez que o progenitor também adquirira um exemplar sem ela se ter apercebido. Confesso que ainda me ocorreu propor-lhe que o trocasse por outro autor que estivesse por ali, digamos, mais à mão, mas o pudor falou mais alto. Daí que, Ruben Fonseca, parabéns! Fique a saber que você vendeu pelo menos 2 livros na Feira de Braga deste ano.
Naquela localização, as peripécias sucederam-se. Ao presentir outro leitor a aproximar-se, pensei triunfante: "Ora aí está! O primeiro livro está no papo! Este conhece-me de certezinha!". Falso! O jovem apenas me queria perguntar em que stand poderia adquirir o premiado livro de A.M.Pires Cabral, "O Cónego", vencedor do prémio dst, anunciado em parangonas num enorme cartaz suspenso mesmo atrás de mim o qual apenas eu parecia não ter visto. Mas "Menos mal!", pensei, "Já que posso passar por vendedor, ao menos passo também por ser o excelente poeta transmontano."
Enquanto a tarde avançava, muitos leitores detiveram-se frente ao stand com as mãos enfiadas nos bolsos sem manusearem o livro (com receio de se magoarem?), e Ana Paula Tavares (que apenas avistei ao longe), Gonçalo M. Tavares (extraordináriamente generoso e afável) e Fernando Pinto do Amaral (aborrecido, e com razão, por não terem reposto o seu livro esgotado na própria feira) peroravam a uns trinta metros de distância na tertúlia literária sobre "Ficção e Mundos Possíveis", através de um sistema acústico sofrível que não me permitiu acompanhar uma só palavra que fosse do que disseram. De modo que tive tempo para tudo. Contei os ouvintes da tertúlia pelo menos duas vezes. Chegaram a ter 40 pessoas! Muito bom. Uma das vantagens de se escrever poesia em vez de ficção, é vender menos de um quinto dos livros que um romancista venderia nas mesmas circunstâncias, o que permite que se saia da feira com a agradável sensação de se conhecer os leitores pelo nome (!!): Joaquim Oliveira, Sandra Salgado, e por aí fora... (até 5).
Mas há que não desistir. No próximo domingo lá estarei em Lisboa, pelas 15h00, no auditório da Feira do Livro, para participar na apresentação que o poeta Francisco José Viegas fará do meu sétimo livro de originais "A Parte pelo Todo". E conto consigo lá. Consigo, consigo, contigo, consigo e contigo. Com vocês os seis. Temos que bater o record, hã?
7 comentários:
O blog é fantástico mas gostaria de vê-lo atualizado com mais frequencia. Abraços. Domingos.
texto excelente! o exercício da poesia não contabiliza compradores de livros, no entanto, se vier à feira do livro ao Porto, deixe aqui a informação, lá estarei para o cumprimentar e agradecer~lhe este blogue.
Relembrando um clássico da rádio, Peça que a gente passa", estou em crer que está para breve a feira do livro de Aveiro. Se quiser também passar por cá, será sempre um prazer. :)
FEIRAS DO LIVRO DE AVEIRO E DO PORTO
De facto, estarei na Feira do Livro de Aveiro no Pavilhão das Quasi, assinando o meu novo livro no domingo, dia 31 de Maio, pelas 16h00.
Na véspera, "A Parte pelo Todo" será objecto de uma apresentação no Porto por MANUEL ANTÓNIO PINA, no Auditório da Feira do Livro, no sábado, dia 30 de Maio, pelas 21h30.
Chego aqui e só leio a parte do bolo de Braga que tantas saudades me deixou...
ai...
O resto é lindo mas tenho de ler depois de ingerir algo com açúcar...
ALTERAÇÃO DE DATAS
A apresentação de "A Parte pelo Todo" no Auditório da Feira do Livro do Porto será a 6 de Junho, sábado, pelas 21h30, e não uma semana antes (a 30 de Maio) como esteve inicialmente programado.
olá bom dia
antes de mais tenho a dizer que deixei de escrever e ler poesia há uns 5 anos. não sei como, mas foi algo que me aconteceu. neste momento sou tão leigo como qualquer pessoa que nem soube da existência da feira do livro.
de qualquer forma a feira tem vindo a piorar da ano para ano. existe, mais do que um desinteresse dos leitores, um desinteresse dos organizadores e promotores. a coisa entrou em modo automático e parece que o único objectivo é fazer uns trocos e parecer bem.
notei também uma falta de respeito por parte de algumas pessoas nos stands que só se preocupavam em ir para a feira do livro em Lisboa, como se estivessem a fazer um frete em Braga. "Em Lisboa é que estão os leitores e o dinheirinho." Por falar nisso como é que correu a sessão de autógrafos lá?
depois de ler este post ainda mais deprimido fiquei porque me apercebi que o mal se estende aos escritores que também acham que poderiam estar a fazer algo de mais útil do que estar na feira cá. e o problema é que têm toda a razão.
será que ainda há esperança, ou estes eventos só serão promovidos com actos de censura?
já me estou a perder e a estender demais. é só um desabafo descontinuado de resposta a outro.
bom trabalho
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