domingo, setembro 21, 2008

CLAUDIA EMERSON

CLAUDIA EMERSON (n. 1957, Chatham, Virginia) é uma poeta americana. Ganhou, em 2006, o prémio Pulitzer de Poesia com a colecção “Late Wife”, de onde traduzi o poema que apresento. É professora de inglês na Universidade de Mary Washington, em Fredericksburg, Virgínia, onde vive com o marido, Kent Ippolito, músico de jazz e blues.



MY GRANDMOTHER’S PLOT IN THE FAMILY CEMETERY

She was my grandfather’s second wife. Coming late
to him, she was the same age his first wife
had been when he married her. He made
my grandmother a young widow to no one’s surprise,
and she buried him close beside the one whose sons
clung to her at the funeral tighter than her own
children. But little of that story is told
by this place. The two of them lie beneath one stone,

Mother and Father in cursive carved at the foot
of the grave. My grandmother, as though by her own design
removed, is buried in the comer, outermost plot,
with no one near, her married name the only sign
she belongs. And at that, she could be Daughter or pitied
Sister, one of those who never married.



§



O ENREDO DE MINHA AVÓ NO CEMITÉRIO FAMILIAR

Ela foi a segunda mulher do meu avô. Chegando tarde
até ele, tinha a exacta idade que a primeira esposa
tinha quando ele casou com ela. Fez
de minha avó uma jovem viúva, para surpresa de ninguém,
e ela enterrou-o mesmo ao lado daquela cujos filhos
no enterro, se agarraram mais a ela do que os seus próprios
filhos. Mas pouco dessa história é contado
neste lugar. Os dois estendem-se sob uma pedra,

Mãe e Pai em caligrafia esculpida aos pés
da sepultura. Minha avó, como se por seu próprio desígnio
afastada, está sepultada a um canto, sem ninguém próximo,
enredo extremo, o seu nome de casada como único sinal de
que pertence. E nisso, bem poderia ser Filha ou Irmã
compadecida, uma dessas que nunca se casou.



2 comentários:

manuel a. domingos disse...

caro João:

não sei se a tradução deste poema é sua.

quero apenas dizer uma coisa: penso que "plot", neste poema, não se pode traduzir como "enredo". "plot" também é, e neste caso penso que é a definição correcta, «small piece of land in a cemetery», o que corresponderia em portugês a "lote". neste caso seria melhor, talvez, tarduzir como "campa", ou equivalente. "enredo" é que penso que não.

abraço

dama disse...

Olá, eu gosto de "lote" porque de certa forma mantém um duplo sentido, não só com terreno como também com a sorte que lhe coube.

Gostaria de fazer um outro reparo: penso que o pronome é necessário no terceiro verso, porque o antecedente directo é "ela", e quem fez viúva foi "ele". Isto confundiu-me a leitura do português.

Tenho alguns problemas com "compadecida", porque julgo que essa é a pessoa que tem pena e não aquela de quem se tem pena, como neste caso. Mas não encontro grandes alternativas.

De resto, muito obrigada por divulgares mais um(a) poeta interessante.