TIAGO NÉNÉ vai lançar o seu primeiro livro de poesia. A sessão pública de apresentação será no dia 29 de Setembro, pelas 19.30, no Onda Jazz, de acordo com a informação que recolhi no sítio oficial do autor (www.tiagonene.pt.vu). (...) Charles Bukowski e Álvaro de Campos formam, na sua poesia, a simbiose perfeita. É uma poesia de ideias, (...) a espaços algo surrealista. Nota-se que o autor faz questão de colocar o sujeito poético em situações insólitas, distorcendo propositadamente a realidade para depois, em mágicas conclusões, passar uma mensagem aplicável ao quotidiano do leitor. É algo kafkiano no modo como cria e interpreta as suas pequenas histórias, e como as recheia de imagens (...).
Bianca
COCKTAIL BUKOWSKI
Naquele dia
Vestira o meu corpo
Sem a alma,
Vestira o meu corpo
Sem a alegria,
Lavei os dentes
E esqueci-me do sorriso no lavatório,
Lavei as mãos
E deixei o tacto na toalha;
Nesse dia
Após o trabalho fui dormir,
Deitei o corpo
E reecontrei a alma.
No dia seguinte
Vesti a alma
E deixei metade do corpo esquecido
E a memória no secador de cabelo...
E algo inesquecível de que não me lembro aconteceu:
Porque hoje tenho a alma mutilada
E nem o corpo tenho.
§
O HOMEM DOS NOSSOS DIAS
Tu disseste-me
Que o homem dos nossos dias
Engoliu os olhos
E só se vê a si mesmo
Dentro de um estômago cheio.
Tu disseste-me
Que o homem dos nossos dias
Tem os sentimentos maus no lugar de balas
E tem a mão no gatilho.
Tu disseste-me
Que o homem dos nossos dias
Não se suicida
Porque suicidar-se é morrer
Depressa e bem.
Mas tu disseste-me
Que o homem dos nossos dias
Vai ter uma congestão.
Como o sabes eu não sei.
Mas pelo sim pelo não
Resolvi premir o gatilho. "
Bianca
COCKTAIL BUKOWSKI
Naquele dia
Vestira o meu corpo
Sem a alma,
Vestira o meu corpo
Sem a alegria,
Lavei os dentes
E esqueci-me do sorriso no lavatório,
Lavei as mãos
E deixei o tacto na toalha;
Nesse dia
Após o trabalho fui dormir,
Deitei o corpo
E reecontrei a alma.
No dia seguinte
Vesti a alma
E deixei metade do corpo esquecido
E a memória no secador de cabelo...
E algo inesquecível de que não me lembro aconteceu:
Porque hoje tenho a alma mutilada
E nem o corpo tenho.
§
O HOMEM DOS NOSSOS DIAS
Tu disseste-me
Que o homem dos nossos dias
Engoliu os olhos
E só se vê a si mesmo
Dentro de um estômago cheio.
Tu disseste-me
Que o homem dos nossos dias
Tem os sentimentos maus no lugar de balas
E tem a mão no gatilho.
Tu disseste-me
Que o homem dos nossos dias
Não se suicida
Porque suicidar-se é morrer
Depressa e bem.
Mas tu disseste-me
Que o homem dos nossos dias
Vai ter uma congestão.
Como o sabes eu não sei.
Mas pelo sim pelo não
Resolvi premir o gatilho. "
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