sexta-feira, março 30, 2007

ROBERT FROST

ROBERT FROST (1874 - 1963)



MENDING WALL

Something there is that doesn't love a wall,
That sends the frozen-ground-swell under it
And spills the upper boulder in the sun,
And make gaps even two can pass abreast.
The work of hunters is another thing:
I have come after them and made repair
Where they have left not one stone on a stone,
But they would have the rabbit out of hiding,
To please the yelping dogs. The gaps I mean,
No one has seen them made or heard them made,
But at spring mending-time we find them there,
I let my neighbor know beyond the hill;
And on a day we meet to walk the line
And set the wall between us once again.
We keep the wall between us as we go.
To each the boulders that have fallen to each.
And some are loaves and some so nearly balls
We have to use a spell to make them balance:
"Stay where you are until our backs are turned!"
We wear our fingers rough with handling them.
Oh, just another kind of outdoor game,
One on a side. It comes to little more:
There where it is we do not need the wall:
He is all pine and I am apple orchard.
My apple trees will never get across
And eat the cones under his pines, I tell him.
He only says, "Good fences make good neighbors."
Spring is the mischief in me, and I wonder
If I could put a notion in his head:
"Why do they make good neighbors? Isn't it
Where there are cows? But here there are no cows.
Before I built a wall I'd ask to know
What I was walling in or walling out,
And to whom I was like to give offense.
Something there is that doesn't love a wall,
That wants it down." I could say "Elves" to him,
But it's not elves exactly, and I'd rather
He said it for himself. I see him there,
Bringing a stone grasped firmly by the top
In each hand, like an old-stone savage armed.
He moves in darkness as it seems to me,
Not of woods only and the shade of trees.
He will not go behind his father's saying,
And he likes having thought of it so well
He says again, "Good fences make good neighbors."



§



MURO REMENDADO

Alguma coisa existe que não aprecia o muro,
Que enfia bojos de terra gelada por baixo,
E derrama as pedras superiores ao sol,
E faz buracos onde até dois podem passar abraçados.
O trabalho dos caçadores é outra coisa:
Eu cheguei depois deles e fiz a reparação
Onde não deixaram pedra sobre pedra,
Mas conseguiram pôr a lebre fora do esconderijo,
Para deleitar cães latidores. As brechas, quero dizer,
Ninguém as viu fazer ou as ouviu fazer,
Mas na época primaveril dos arranjos encontramo-as lá,
faço o meu vizinho saber para lá da colina;
E um dia encontramo-nos para percorrer a linha
E assentarmos o muro outra vez entre nós.
Mantemos o muro entre nós enquanto avançamos.
A cada um as pedras que caíram para cada um.
E algumas são formas e outras são tão como bolas
Que temos de usar um feitiço para as equilibrar:
"Fica onde estás até voltarmos as costas!"
Ficamos com os dedos ásperos de as manipular.
Oh, somente outro género de jogo ao ar livre,
Um de cada lado. Mas vai mais longe:
Aí onde se encontra, nós não precisamos de muro:
Ele é todo pinheiros e eu sou um pomar de maçãs.
As minhas macieiras nunca atravessarão
Para comer os cones sob os seus pinheiros, digo-lhe eu.
Ele só me diz, "Boas cercas fazem bons vizinhos."
A primavera instiga-me e pergunto-me
Se lhe posso despertar a razão:
"Porque razão fazem bons vizinhos? Isso não é
Onde existem vacas? Mas aqui não há vacas.
Antes de construir um muro eu inquiriria para saber
O que estaria a incluir ou a excluir,
E a quem era suposto ofender.
Alguma coisa existe que não aprecia o muro,
Que o quer no chão”. Poderia dizer-lhe "duendes",
Mas não são duendes exactamente, e eu prefiro
Que ele o diga a si próprio. Vejo-o por ali,
A agarrar uma pedra com firmeza pelo topo
Em cada mão, como um antigo selvagem armado de pedras.
Move-se na escuridão e parece-me,
Não apenas a das florestas e a da sombra das árvores.
Ele não irá atrás do dito de seu pai,
Gosta de ter pensado naquilo tão bem
E diz novamente, "Boas cercas fazem bons vizinhos."



7 comentários:

Anónimo disse...

I'm glad to find a lovely blog like yours.
i can't speak portugues, so i try with english.

Very nice!

Angela disse...

Este teu espaço alarga-me os horizontes.
Através dele tenho a oportunidade de conhecer poetas do mundo inteiro e de contactar com formas de escrita diversas.
Ao ler outros poetas, sinto-me sempre muito pequenina mas ao mesmo tempo ganho consciência que a poesia é liberdade.

Um beijinho.

Susana B. disse...

Também amo a poesia e tenho umm blog onde coloco as palavras que me tocam...

Se quiseres, visita.

Um abraço.

Susana B.

gabyrockjovi disse...

Obrigada pela tradução de Robert Frost :)
Foi de grande utilidade para mim!
Um abraço,
Gaby
:)

. disse...

ficou bom, mas sem a métrica, né
:p

Daisy Carvalho disse...

Peço licença para postar esta tradução em meu blog. Respeitosamente,
Daisy.

www.carva1.wordpress.com

Unknown disse...

Existe uma ambiguidade no titulo do texto em Ingles, a qual "Muro Remendado" nao reflete muito bem em Portugues. Em Ingles, "Mending Wall" sugere que o sujeito "wall" (muro) esta executando a acao do verbo "to mend" (remendar). Ou seja, o titulo seria "Muro que Remenda" se tal ambiguidade fosse preservada na traducao do titulo para o Portugues, pois uma das principais perguntas feitas por varios leitores do texto quando o vao analizar e "porque nao 'Mending THE Wall' (Remendando o Muro) ou 'MendED Wall' (Muro Remendado)?"

O titulo contem essa ambiguidade justamente para providenciar o leitor com interpretacoes diferentes e mais complexas do texto, pois o poeta Robert Frost e conhecido por ter diferentes interpretacoes para seus poemas e manter-las implicitas.