sábado, setembro 16, 2006

O FIM DO VERÃO DE NOVA IORQUE (6)


Setembro 16, Domingo, Dia 6


13 h 55 m
O Cardeal Edward Egan, na Catedral de Saint Patrick:
“Muitos de vocês devem estar a perguntar-se onde estava Deus quando tudo isto aconteceu? Pois eu digo-vos onde está Deus: Deus está onde sempre esteve.”
A catedral está repleta.
"Nas mãos daqueles homens que estão em Downtown a escavar; no patrão que morreu porque não quis deixar os seus para trás; nas velas que vocês teimam em não deixar apagar; no Capelão Mychael Judge que os guiou na última viagem. É aí que encontram Deus. Na caridade e altruísmo. Por estes dias temos visto Nova Iorque no seu melhor. Nunca a nossa comunidade tinha sido tão corajosa e tão nobre."
O Cardeal Egan rebaptiza o Ground Zero, em Ground Hero.


14 h 25 m
Almoço um cachorro quente, à saída da missa:
"Aqui tem, sir. São dois dólares."
Estranho a subida de preço.
"Costumava ser um dólar e vinte cinco."
"Well, sir, today it’s two dollars."
Abro mão de uma nota gémea:
Keep the change in your conscience."


17h 05 m
Em Greenwich Village, para o Círculo do Silêncio. Centenas de nova-iorquinos estão em Washington Square. Numa vedação de arame, erguida em redor do arco, fotos, bandeiras e flores, velas, posters e poemas ergueram um memorial. Um pouco mais adiante, em contínua jam session, um grupo de músicos expurga, de raiva, a sua alma. Tocam Lennon e Marley, Sinatra e Armstrong. Aproveito a multidão para, finalmente, chorar.
Allow the pain to happen", recomendara Giuliani.
Deixo ficar presa às grades, ao lado da americana, a bandeira nacional que trouxe da Quinta Avenida.
Regresso ao quarto quando Sinatra começa a doer lá no fundo:
"Now, it's up to you, New York, New York."

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