Tenho lido com atenção as “breves notas para uma poética da terminologia” que o poeta Jorge Melicias tem colocado on-line, nesse blog de leitura obrigatória que é o “da literatura”. E identifico-me com alguns dos atributos com que informa a sua ideia de poesia. Subscrevo o seu conceito de livro de poesia enquanto “unidade temática e estilística”. Agrada-me a ideia de uma poesia tensa, concisa, densa, elíptica. Uma poesia que não seja oferecida, uma poesia que do outro lado de um sentido mais óbvio encerre um outro sentido e, se possível, um outro ainda. Uma poesia que, por isso mesmo, demande interpretação. E que exista também para o seu léxico, como a de Luís Quintais, por exemplo. O que me parece é que esse pressuposto que, julgo entender, ambos partilhamos, não exclui pelo meu lado, poéticas mais subjectivas contra as quais Jorge Melícias me parece apontar o dedo. É verdade – e neste terceiro ponto também estaremos próximos – que a memória é, como diz, uma muleta literária: é bem mais difícil inscrever o presente num poema do que escrever sobre o passado. Os poemas sobre a memória escudam-se no perdido. O passado é como o código postal: sugere tal grau de adesão emocional no leitor que é “meio caminho andado” para o conquistar. Onde não estaremos porventura de acordo – se bem leio os seus posts – é na asserção de que as poéticas mais subjectivistas ou confessionais sejam parcas em trabalho oficinal sobre a linguagem. Robert Lowell é um poeta assumidamente confessional, altamente subjectivo e tem um extraordinário trabalho sobre a linguagem. É apenas um exemplo, tão estrangeiro quanto arrefecido, para não ferir susceptibilidades. Tal como sugerir que o subjectivismo não acarreta riscos: mas se é essa precisamente a poesia que mais rasga, que mais abre caminhos, que menos se acomoda a modelos, como afirmar que não arrisca? Como dizer que não comunica? Estaremos também provavelmente de acordo nisto: quando lemos poesia desejamos ser surpreendidos. Acontece-me com os mais variados autores. A poesia não é um campeonato, por muito que custe a alguns, e nunca se deve comparar poetas. Surpreeendeu-me, por exemplo, ler há já algum tempo atrás, um poema que Jorge Gomes Miranda publicou em “A Hora Perdida” (Campo das Letras, 2003):
QUATRO MENSAGENS DEIXADAS NO TELEMÓVEL
...
“Fala do Laboratório de Análises Clínicas,
Tenho aqui nas mãos o envelope
com o resultado das suas análises.
Quer que o envie por correio ou
passará por cá para buscá-las?
Informe-me da sua decisão.”
ou, este poema que Manuel de Freitas incluiu em “O Coração de Sábado à Noite” (Assírio & Alvim, 2004), que tinha apenas verso e título:
MARTHA
Perdi o teu número.
Vou falar sem saber o que o Jorge pensa destes dois poemas, é certo. Mas para mim, eis dois poemas que seguramente rasgam convenções, que geram surpresa, que se inventam e superam e – mais do que isto – que se inscrevem na história da poesia portuguesa. Por mais simples que pareçam. O primeiro, porque faz com que o quotidiano mais formal e mais banal invada a poesia, a tal Casa Sagrada da Poesia, através de um conspurcar da mesma com o hiper-realismo de um formal telefonema acerca de análises clínicas. O segundo, porque nos convida também a questionar o coloquialismo, o que pode ou não ser poesia, no fundo essa ténue fronteira entre fala e poesia. São dois poemas que investigam. Que desconstroem. Não evitam o mundo, nem fogem dele. Que culpa têm se esse mundo é pobre e social? Ambos se informam de Hiperrealismo. Ambos são altissímamente subjectivos. Ambos são extraordinariamente quotidianos. Ambos requereram imaginação. Ambos são tensos e concisos. Ambos são síntese. Não me parece que nenhum dos dois deixe de lado a ambição de comunicar, pelo menos comunicar o plasmar de um instante. E ambos acarretaram para os seus autores – que em boa hora tiveram a coragem de os dar à estampa – uma incomparável carga de risco. E que risco correram: porque ambos são poemas não líricos, ambos misturam ao sabor deste pluralismo de início de século, a fala quotidiana e a poesia. Em calão: ambos estão “muito à frente”… Ambos, finalmente, realizam um arriscadíssimo trabalho sobre a linguagem. Pode ser simples. Mas é oficina arriscada. Não é poesia elegiaca, é certo. Mas dizem-me mais como poemas sobre o meu mundo, sobre este chão que piso, este mundo-chão contemporâneo onde respiro do que outros que se continuam a alimentar da palavra pela palavra ou de simbolismos estafados. São poemas-exemplo. E trazem à poesia o presente, falam de telemóveis e análises clínicas como outros antes deles, num passado mais distante, falaram de correspondência postal e sanatórios. São, por isso, poemas do futuro. Só precisam de tempo. Acredite. Tenho muito gosto em continuar este diálogo consigo, se assim entender.
16 comentários:
Acrescentaria a esses dois exemplos o último poema do seu mais recente livro (q ainda só folheei nas livrarias).
Quanto aos textos de Jorge Melícias, a primeira sensação com que fico é a de que é uma abordagem que, sem ser original, se distancia de um certo comodismo da crítica que se faz hoje; ou seja, Melícias não se limita a questionar os facilitismos poéticos, questiona também os facilitismos críticos q sustentam aqueles.
Pessoalmente, não concordo com alguns pontos q JM tem apresentado, mas acho q ele não podia estar a ser mais coerente com a sua própria poesia.
vejo agora q o poema q refiro no comentário anterior abre a peça sobre si no Mil Folhas de hoje
Caro J. L.Barreto Guimarães,
Gostei, como quase sempre me acontece, do que escreveu em relação às posições do J. Melícias.
Mas eu tenho uma angústia que me vem do facto de achar que não podemos olhar para a nossa arte (a portuguesa, neste caso), seja pictórica, cinematográfica ou verbal, sem a contextualizar internacionalmente, sem a inserir no sistema de vasos comunicantes, ou dialogantes, que toda a arte (aqui, a poesia) é.
Isto vem a propósito do poema do Jorge Gomes Miranda, de quem, aliás, sou leitor indefectível. Na realidade, porém, esta tematização poética do "prosaico" não é, de certo modo, o que já o William Carlos Williams havia feito no célebre "This is just to say"? Ou seja, com todo o respeito pelas suas opiniões e pela obra do J.G. Miranda, acho que aquilo que é novo no referido poema é o facto de se tratar de um poeta português. Poderá dizer-se que não é obrigatório conhecer a obra de poetas de outras línguas. Poderá. Mas, em última análise, não é o fim último da poesia criar novos processos verbais, reinventar a linguagem? Em suma, (to)"make it new"? Quer se trate das análises do J.G. Miranda ou das ameixas do W. C. Williams.
Com toda a simpatia e consideração.
Luís Maia Varela
P.S. Estou a ler( e a gostar)o seu "Luz Última".
Caro J.L.Barreto Guimarães
Se por um lado acho o combate de Jorge Melicias contra um certo regresso ao real completamente descabído, dado que ele nos propõe uma lingua oracular morta, uma espécie de ultramodernismo órfico, por outro lado estou de acordo com o comentário de Luis M. Varela e que aquilo que você destaca nesses poetas como relevante e surpreendente já faz parte da história da poesia americana. Aliás convinha por isso convocar um poeta não-poeta português que tem sido completamente apagado do panorama português e que incorporou e viveu a poesia americana (américa do norte) como nenhum outro, refiro-me a Silva Carvalho ( não confundir com Armando S. Carvalho). E porque é que o novo realismo foi beber a Joaquim M. Magalhães, que tanto deplora a cidade, no fundo é um anti-baudelairiano, e que tanto deplora o cruzamento da alta com a baixa cultura, assim como se manteve num intrasigente modernismo? Fico atónito que um poeta do calibre de Silva Carvalho esteja completamente ausente desta conversa entre poetas.
Meu Deus, como está equivocado, JLBG, acerca da Poesia. Se estes 2 poemas são poesia, meu deus!!! - onde chegámos!!! Onde está a imagética, o sagrado, as perguntas essenciais, a história, a ideia transmitida através da emoção, como dizia Pessoa, meu deus onde está isso tudo? Olhem sim para outros novos poetas, com uma força veemente e única, com um cordão vocal que nos faz soçobrar perante a vida, como o Tolentino, o Coias, o Júdice, o Pires Cabral, isso sim, autores com um projecto literário, uma ideia densa a transmitir. Pobres de nós se vamos por outro lado - viram a propósito o artigo do JMM sobre os livros do Coias e Gonçalves? Vejam nas entrelinhas! Herculano Laje, Lisboa
Caro Jorge Melícias,
Esta nossa pequena polémica não nos vai levar longe, porquanto nos separam (enquanto leitores? enquanto autores?) diferenças profundas, tão interessantes quando respeitáveis, mas difíceis de reunir num mínimo denominador comum. Como será facilmente compreensível para os leitores habituais deste blog – e faça-se-me essa justiça – as minhas escolhas por si só, têm informado a minha noção de poesia (isto também como resposta a Herculano Lage), e nada mais acrescentarei sobre isso.
Independentemente do âmbito mais lato do que é para mim a subjectividade como uma das características mais marcantes da nova poesia portuguesa (como outra será a derrota da metáfora ante a metonímia, e outra ainda o gosto pela narratividade), resolvi trazer a palco aqueles dois poemas apenas como exemplos extremos – extremos, Jorge – de poemas que me surpreenderam pela sua ousadia de pesquisa da subjectividade no real, o que claramente me interessa muito como autor. E não lhe posso fazer a vontade nisso, Jorge. Interessa-me! A si não lhe interessa. A mim interessa-me! Porque é um caminho possível, entende?
Posso até compreender que tal via não seduza alguns leitores pouco habituados a uma perspectiva horizontal da poesia mas a obrigação do poeta é abrir caminhos, não é repetir-se. E aqueles dois poemas abrem caminho. Pode até dar-se o caso de o abrirem e o esgotaram num mesmo sopro. Mas como poeta, pressinto na simplicidade daqueles dois poemas vontade de pesquisa e de investigação. O meu conceito de poema é inclusivo!
É claro que “Martha” (e isto também como resposta a Luís Varela e João Urbano) pode fazer lembrar “This Is Just To Say”, de Williams, pelo tom de recado, mas isso não diminui a ousadia e o risco de Manuel de Freitas em o ter escrito “em português”, como dizem. A discussão acerca da poesia portuguesa poder/dever dialogar com o contexto internacional, não a quero ter porque concordo com ela. E nunca disse o contrário. Este blog tem sido, espero, reflexo disso mesmo, pela escolha e alternância entre poetas portugueses e estrangeiros, e portugueses a viver no estrangeiro. E chegará com certeza a vez de Silva Carvalho.
Já o poema de Jorge Gomes Miranda me parece mais original porque – questionando cruamente a fronteira da poesia com outras falas, como o de Freitas – nos apresenta “entre aspas” (o que não é dispiciendo), um monólogo frio, anódino e absolutamente nada emocional. Como se eu agora decidisse visitar o SIMPOSIUM TERAPÊUTICO e escrevesse este poema:
RISIDON 1000 mg
Risidon 1000 mg pode ser tomado
por crianças a partir
dos 10 anos de idade,
adolescentes e
adultos. Risidon não substitui
os benefícios de um tipo de vida
saudável.
Se o tempo vier a decidir que “isto” é um poema, não há nada que nem eu nem você possamos fazer acerca disso! Eu, porque já o escrevi, não o posso apagar. Você porque não controla os designios. É que sabe, Jorge, não somos nós que decidimos...
Claro que sim...
Caro João Luís Barreto Guimarães,
Como escrevi aqui quando abordou a obra do M.A. Pina (e não me lembro agora da expressão que utilizei), tenho em relação ao seu blogue um sentimento de gratidão pela partilha que V. nos proporciona das suas pistas para abordagem das obras de tantos poetas. Portugueses e estrangeiros.E permito-me também, à semelhança de J. Melícias, acreditar que embora possamos não estar de acordo, por exemplo, no caso do poema do M. de Freitas, esse desacordo seja apenas uma coisa absolutamente normal entre pessoas que têm em comum o amor à poesia.
Creia-me, sinceramente grato pela sua partilha,
Luís Maia Varela
Caro J.L.B Guimarães
A coloquialidade, o prosaico, o anódino, as anotações acerca da metereologia que fará amanhã, a samplagem de pequenas notícias dos jornais ou de um menu de restaurante, é interessante como inversão dos processos poéticos que dominaram a poesia portuguesa durante grande parte do séc.XX. Todavia a grande maioria dos poetas do novo realismo é de uma pobresa conceptual total. Poemas que não nos abrem ao meio, nem que desafiam o que de mais extremo emerge na nossa contemporaneidade.
É que esquecem a demanda das tecnologias virtuais e das biotenologias como se elas não estivessem a alterar radicalmente o nosso horizonte de vida e a pôr em causa não apenas a ontologia como a própria bios. O novo realismo revela muito mais um lado melancólico( que na cidade tem a nostalgia bucólica do campo), e como que revive a velha cidade baudelairiana em vez de se dissipar na metrópole contemporânea. É que este novo realismo é de um lírismo desenfreado. A tematização da morte no novo realismo aí está para nos revelar a sua incapacídade de sopurtar o tempo presente e de optar por estratégias de resistência, pelo que se tornam altos praticantes da retórica da dôr, da perda e da morte. São poetas ainda do luto. Mesmo assim o novo realísmo é mais interessante que aquelas outras linguas poéticas que derivam dos Herbertos, das Sofias, dos Eugénios, dos Ramos Rosa, das Fiamas, dos Franco Alexandre, etc. Embora este novo realismo também beba nessas fontes e adore esses grades bardos. Aliás dentro de uma tradição gnoseológica da poesia portuguesa, entre os novos foi Daniel Faria que foi mais longe. O Jorge Melícias não se apercebe que habita uma lingua que já não desafia ou problematiza coisa nenhuma. Um vocabulário bafiento. O poeta bardo, mediúnico, não faz mais parte das nossas necessidades, aliás esses bardos têm migrado com algum êxito para o cibermundo, que também este se encheu de delírios gnoseológicos.
É ilustratívo dar-mos uma vista de olhos ao nosso séc.XIX e ver que poeta resiste, o que ficou. E que mesmo um Antero poeta ainda resgatado por Pessoa realmente não resistiu ao séc.XX e ficamos apenas com Cesário.
A única questão pertinente na dimensão poética será, em terminal, perceber em que medida um -ema acrescenta ao que está. O caso dos dois -emas apresentados, já modularmente tinha sido "caso" nos inícios do século 20. A desconstrução em Portugal, também por via das traduções - e é difícil recordar um único poeta português que não tenha traduzido - vive o seu modus operandi desde o século XIX. A potência fulguradora do Orpheu inclui milhares (e não exagero) de -emas (na altura talvez po_emas: veja-se o raul leal, o almada, o santaRita.
Tais -emas tiveram, de resto, novos rostos: veja-se o henrique-leitura, tão cheio de _emas, o cesariny a dar-lhes inteligência e voo, o o'neill...
A surpresa pode ser uma medida muito eficaz se ancorada no conhecimento po_ético. Qualquer um de nós se pode surpreender com determinados -emas se desconhecer a sua "epistemologia".
Aguardemos po_emas.
Versejar com tanta banalidade não será fazer o mesmo à poesia que certos "romancistas" têm feito à ficção? Não posso deixar a frontalidade: nivelar por baixo nunca deu resultado. Ou queremos uma poesia universal ou queremos uma poesia de circunstância.
Com todo o respeito que tenho por si, caro João Luís, acho que os poemas transcritos do Gomes Miranda e do Freitas não constituem risco algum. Fazem antes parte de uma estratégia de aproximação ao leitor que já não consegue entender uma metáfora porque está fossilizado por tanta banalidade que lhe é transmitida todos os dias pela televisão, pelos jornais, pelo cinema, por romances sem literatura, etc.. Quanto ao realismo, seja hiper ou não (hiper verá de hipermercado), não constitui novidade alguma nem na nossa poesia nem na poesia de todos os tempos. Que risco há, então, em escrever versos destes? Nenhum. Já Cesário fez o mesmo. Só não falou me telemóveis e em análises clínicas porque no tempo dele não havia tal coisa.
Só que Cesário fazia uma coisa que os poemas transcritos não fazem: transfigurava a realidade. Tal como depois dele fizeram Fernando Pessoa, Raul de Carvalho, Armando Silva Carvalho, José do Carmo Francisco, etc. etc.
I have eaten
the plums
that were in
the icebox
and which
you were probably
saving
for breakfast
Forgive me
they were delicious
so sweet
and so cold
*
Martha
Perdi o teu número.
Há diferenças sensíveis entre "This is just to say" de W. Carlos Williams e "Martha" de M. de Freitas, a primeira das quais é de onde o poeta provém: clara e sinceramente do seu tempo. Também a imagem dos três últimos versos, tão viva dos sentidos do gosto e do tacto e o lirismo da última quadra põem-no bem longe. Ainda o tom entre a complacência, o divertimento e a ironia o retiram da categoria de post it. Para não falar na extensão, na forma de o assunto evoluir para o final, etc. Todos os que aqui escrevem nestes comentários se apercebem disso, quem sou eu para me pôr aqui a perorar.
Só queria era entender as razões porque o "Martha" é comparada ao poema de Williams. É que não vejo qualquer semelhança. Nem pouca nem muita. Nenhuma.
Posso e devo aceitar a utilidade que JLBG, com todo o direito, lhe encontra como possibilidade exploratória da sua própria poesia, isso é outro assunto. Como é outro assunto eu não encontrar nesse minimal senão um mero post it e uma tentativa evidente de provocação de vanguarda num tempo sem vanguardas (que muitos as desejem é outra coisa). A história dos vários modernismos abunda nestas atitudes, aí justificáveis pour épater le bourgeois. Agora somos todos burgueses e a maioria silênciosa que o não é, se não quer saber de política para nada e pertence cada vez mais aos subúrbios da civilização ocidental, também, muito menos, quererá ler poesia, seja ela hiper ou não. Isto sou eu só a pensar, e não descarto que pense apenas para mim mesmo, que é afinal o que maioritariamente todos fazemos, mais ou menos objectivamente, tanto dá.
Houve aqui alguém antes nestes comentários que falou da circunstância das novas tecnologias como influxo poético. É uma ideia boa, apesar de não ser nova nem ser consensual. Pelo meu lado, acho uma ideia precipituosa (i.e, com muita chuva) porque, em boa razão, ainda não há uma semântica total sobre o digital em que tudo faça sentido. Aliás, persiste muito uma recusa assustada sobre as coisas virtuais. Quer se queira quer não, a semântican e a interpretação são impérios sobre o texto, e não vale a pena forçar textos que ainda não têm sentido para toda a gente. O truc é forçar a semântica. E fazer poesia disso. Acho eu.
Apesar de não ser minimamente consensual, acho que é uma realidade técnica muito fluida para se transformar numa poesia sólida. Quero dizer, os processos da comunicação virtual ainda não se instituíram como verdade (apesar da semelhança com isso), e portanto não vejo a necessidade de se problematizar essa realidade
Oops. Houve aqui um problema técnico de copy+paste=upload. Esqueçam as palavras depois do intervalo. Gracias.
Meu Deus,/Verifico que o que digo não faz sentido,/E que o que eu disse/
Não é nada de novo./ Comprovo que sou um subúrbio de mim./Estou morto./Espeto uma faca aqui;/(num blogue, coisa tão nova)/uma lâmina a matar-me a ideia que não consegui./Adeus.
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