quinta-feira, fevereiro 09, 2006
CARLOS SARAIVA PINTO
CARLOS SARAIVA PINTO (n.1952) é autor de "O Viajante Transitório" (Edições Tema, 1997) e "Escrever foi um engano" (O Correio dos Navios, 2000) onde fui roubar este poema.
a mulher que me deu mais prazer
perdi-a um dia.
às vezes via a sua magreza
através da elegância das saias.
eu conhecia os relicários dos santos
os seus ossos distribuídos por
gavetas de prata
e sabia que um relógio
cria no cão pequeno
a ilusão do bater do coração da mãe.
o que eu beijava nessa mulher
era a sua respiração
o ar da sua santidade
que lhe impulsionava as ancas.
e ao seu lado eu dormia
como um cão enrolado
ouvindo o bater do coração.
Etiquetas:
- Poesia portuguesa,
CARLOS SARAIVA PINTO
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11 comentários:
SENSACIONALISSIMO
Mete «coração» como nos poemas da malta dos tolentinos ... é
magnífico.
Grande poema.
Fica a partir de agora proibido utilizar a palavra "coração" em literatura. Saibam os prevaricadores que com isso incorrem na desaprovaçao do anónimo que acima se pronunciou.
Pede-se ao anónimo que forneça por favor a lista completa de palavras consideradas pouco poéticas, para que os vates se possam actualizar em termos de léxico. Eu proponhoque se exclua também a palavra "ninfa" e a palavra "repolho".
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