NELSON ASCHER (São Paulo, 1958) é poeta, tradutor e jornalista. Estudou um ano de Medicina que abandonou para seguir o curso de administração da
Fundação Getúlio Vargas e posteriormente pós-graduação em semiótica na PUC-SP. Colaborou no jornal
Folha de São Paulo desde os anos 80 até Agosto de 2008, escrevendo sobre literatura, cinema e política. Como poeta publicou
Ponta da Língua (1983),
Sonho da Razão (1993),
Algo de Sol (1996) e
Parte Alguma (2005). O
Jorge Sousa Braga descobriu estes
gatos no blogue do
António Cícero e achou-os magníficos. Do livro
Parte alguma, editado em São Paulo na
Companhia das Letras, com a devida vénia:
ELEGIAZINHA[i. m. nikita (gata da Inês)]
Gatos não morrem de verdade:
eles apenas se reintegram
no ronronar da eternidade.
Gatos jamais morrem de fato:
suas almas saem de fininho
atrás de alguma alma de rato.
Gatos não morrem: sua fictícia
morte não passa de uma forma
mais refinada de preguiça.
Gatos não morrem: rumo a um nível
mais alto é que eles, galho a galho,
sobem numa árvore invisível.
Gatos não morrem: mais preciso
- se somem - é dizer que foram
rasgar sofás no paraíso
e dormirão lá, depois do ônus
de sete bem vividas vidas,
seus sete merecidos sonos.
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